Que olhares emprestamos ou direcionamos para a escrita na/da história? Olhamos? Analisamos? Quais nuances são arquitetadas na época em que foi produzida tal escrita? O que traz subjacente ao texto? Quais as intenções do autor ao escrever tal texto? Em que contexto foi escrito? Quais posturas, que concepções políticas, sociais, culturais o autor, subliminarmente, passa naquilo que escreve?
Como se lê? Com que postura o leitor recebe o texto? Qual o estado de espírito do leitor no momento em que está lendo tal texto? O que procura no texto o leitor?
A introdução do texto abaixo, com 82 anos, pode nos dizer muita coisa. A pergunta que quero lhe fazer, leitor, não é o que o texto lhe diz; mas, antes, o que você pergunta ao texto e qual o seu estado de espírito?
Não se prenda a tais questões, pois isso pode reprimir a sua criatividade leitora. O que entendo como interessante, é que você pode e deve fazer um exercício, uma brincadeira, sem compromissos com nada ou alguém, mostrando o que você "vê" no texto: letras, palavras, texto, contexto...
Em tempo: abaixo desse texto (e da linha divisória) resgato um fragmento de uma resenha sobre um dos maiores pesquisadores contemporâneos sobre a Escrita na História (Peter Burke), só para dar uma fundamentada no que escrevi.
ARCHITECTURA E URBANISMO A PALAVRA DE STEINHOF
O professor Eugênio Steinhof, da Escola de Artes Decorativas de Vienna, é um artista moderno, um verdadeiro constructor, de orientação clara e segura. Sobre architectura e urbanismo, nos deu algumas conferências e artigos, mostrando as suas tendências actuaes e defendendo os princípios evidentes da subordinação ao tempo e suas determinantes e da harmonia com o ambiente, evitando as deformações da copia e do passadismo, que esterelizam e prejudicam o livre desenvolvimento da personalidade dos artistas. Visitando o Brasil, a convite do "Instituto Central de Architectos", que assim testemunhou a sua preoccupação pelas correntes modernistas, adquirindo inegualavel prestigio junto aos moços, o prof. Eugênio Steinhof, que demonstrou grande entusiasmo pela renovação brasileira, dentro do espirito moderno, concedeu ao MOVIMENTO BRASILEIRO a entrevista abaixo, cheia de vibração nova e aguda penetração.
Movimento Brasileiro : revista de crítica e informação, anno 1, n. 11, nov. 1929.
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Peter Burke, em 'A Escrita da História - Novas Perspectivas' *, observa que o recurso à narrativa muitas vezes é essencial para a apreensão do fluir temporal; entretanto, conclui que a narrativa tem de ser outra, não a narrativa tradicional, mas sim uma forma de narrativa que consiga escapar da superficialidade do acontecimentalismo, mas que também escapa da rigidez temporal de um discurso analítico. Para tanto, é necessário densificar a narrativa, e para isso, Burke apresenta quatro soluções encontradas nas obras de outros historiadores: a micro-narrativa, narração da história de populares no tempo e no espaço, observando a presença das estruturas; utilizar várias vozes afim de captar os conflitos e as permanências; redigir de trás para frente, mostrando o peso do passado; e, finalmente, encontrar o relacionamento dialético entre acontecimento e estrutura. Burke aposta na primeira solução, não por preferência, mas por observar que a mesma já está crescendo.
Renato Pignatari Pereira. Quarto Ano - História/USP. Disponível em http://www.klepsidra.net/klepsidra10/burke.html. Acesso e captura em 03/12/2011. - renato_pignatari@klepsidra.net
BURKE, Peter (org): A escrita da História. São Paulo: Editora UNESP, 1992, 360pp.
www.klepsidra.net
O autor, tentando definir a História Nova, observa que a mesma se originou associada à Escola de Annales e que, além de lutar por uma história total, opõe-se totalmente ao paradigma tradicional da historiografia.
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Técnicas de elaboração de artigo científico
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Maravilhoso texto....que possamos rever nossa prática!
ResponderExcluirParabéns Chico, mais uma vez
Jacqueline Xavier