sábado, 24 de março de 2012

"...E o salário, ó!..."

Do lado de cá, profissionais da educação tentando sobreviver não somente com o salário miserável, mas, também, com o ambiente escolar cada vez mais insalubre, multifacetadamente prejudicial às saúdes física, psicológica e mental; os que fazem, os elementos que se integram à mão de obra barata e cada vez mais desqualificada por quem deveria fazer o contrário. Do lado de lá, os que acham que pensam a educação, os que mandam, os cabeças pensantes, os que não estão nas escolas e os que dizem que agora, com todo ferramental que está "invadindo" as escolas, com as novas tecnologias, a coisa vai mudar. Agora, ensino e aprendizagem serão duas categorias profundamente complementares e ainda buscam referências para atestar essa premissa que sustentam com todas as convicções da face da terra. A citação abaixo, confirma e, acredita-se, também pode ser uma das preferidas dos que pensam que pensam.


"Destacaremos nesse estudo uma reflexão sobre a importância da tecnologia em sala de aula, bem como o interesse dos professores a se adaptarem à nova realidade educacional para integrar os recursos tecnológicos, como o computador e a internet à escola e à comunidade. A possibilidade de uma integração das tecnologias à educação requer do docente uma nova postura que levará o mesmo a rever sua prática em sala de aula, adequando os vários meios de informação à metodologia utilizada".¹


Hoje, ao participar de uma reunião de Equipe técnico-pedagógica com a Inspetora de Ensino, a Supervisora e este representante da Orientação Educacional, não se pode vivenciar o cotidiano como é praxe. Ao descer com a dirigente de turno, após um contato com uma turma, a Supervisora quase que, literalmente, foi atropelada por uma criança que descia a rampa da escola numa desenfreada correria. A energia elétrica não estava muito a fim de contribuir, tendo quedas constantes. O calor infernal, as salas de aula lotadas, 35,36, 37 e até 40 alunos desafiando a lei da física (tantos corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço) e esses dos 12 aos 15 anos, primeiro explodindo internamente por conta dos hormônios, agregados aos gritos próprios de uma galera naturalmente barulhenta.


Terminado o expediente, apesar e além da reunião, cheguei à minha casa extremamente cansado. No momento em que fazíamos a reunião (e discutindo sobre o cotidiano da escola em suas diversas facetas), atendemos dois alunos, que se mostram difíceis no trato das relações escolares e a mãe de um deles que, com o seu nervosismo, nos deixou mais agitado ainda.


Em vista desses argumentos apresentados, qualquer maledicência que seja implementada por esses profissionais, como, por exemplo, reivindicações por melhores salários, paralisações, colocar a boca no trombone contra os prefeitos, os governadores, a Presidente da República ou, mais especificamente, aos nossos secretários ou ministro da educação, será contra-atacado com esse discurso bonito, que o professor tem tudo na escola para dar uma boa aula (sic!) e que ele faz esse tipo de coisa para desestabilizar o governo, que é muito bonzinho...e aí a população acredita nesses discursos políticos e vai contra a classe dos professores.


Nos resta, enquanto homenagem, aproveitando o contexto, resgatar um dos famosos personagens criados pelo espetacular e já saudoso Chico Anysio:
"...E o salário, Ó ! ! !"



¹. PESSANHA, Rosimar de Freitas. Recursos Tecnológicos e Educação: Amplitude de Possibilidades. Disponível em http://www.pedagogia.com.br/artigos/tecnologia/. (12/05/2009). Acesso e captura em 23/03/2012.

3 comentários:

  1. Mas eu ja visitei e comentei..sempre!!!

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  2. E isso me deixa profundamente lisonjeado e feliz! Que esse sentimento, com a licença do 'poetinha', seja "eterno enquanto dure"! Beijos e obrigado pela sua cumplicidade!!!

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  3. Fala meu camarada Francisco, boa noite.

    Uma vez me falaram que não entendiam como um professor, que fez concurso sabendo do salário que iria receber, podia fazer greve por aumento de salário (posição neoliberal de um dominado (o cara era PM, deve ter um salário pequenininho também) que pensa que domina). Esquece ele que, assim como o salário baixo do professor é histórico, a luta da categoria por melhores salários também é histórica, e foi pensando em um futuro melhor, com o afã de um dia ter nosso trabalho/profissão valorizado, que lutamos por dias melhores e ingressamos na carreira acadêmica, buscando transformar o cidadão, a sociedade, a educação e, porque não, nosso salário também.

    Um beijo no coração, do amigo de sempre que não é o homem aranha.

    Luizão.

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