quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

cotidianesco V (A caçada ao outubro vermelho)

“A maior parte das escolas recorre a palestras, e elas são chatas”.(Albertina Duarte Takiuti ]
"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino". ( Paulo Freire)
“Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores”. [ Gibran Khalil Gibran ]

INICIANDO CONSIDERAÇÕES

No texto que compôs as reflexões de julho/agosto argumentamos que “a nossa clientela não é a que todo gestor, ETP e docentes sonham em ter”. A seguir, comentamos sobre as complicações do macro contexto, dificultando as ações no micro. Nessa mesma reflexão, alinhavamos as contradições entre a OE e a SE na escola, dificultando, evidentemente, um trabalho interativo, conjunto, de parcerias, tendo as suas repercussões entre os docentes, que, pedagogicamente, ficam desorientados, desenvolvendo exatamente o que denuncia a autora do primeiro pensamento em epígrafe. Dessa maneira, outros setores na unidade escolar acabam sofrendo num processo de desencadeamento do caos sem dimensões, levando prejuízos a quem está na outra ponta, que são os que nunca deveriam, em hipótese alguma, serem atingidos: os alunos.
Nessa onda de desacertos, de ações equivocadas, um sujeito do processo é chamado a buscar soluções para todos os problemas que surgiram ou que foram criados (mais esses do que aqueles).

Entendemos que esses problemas surgem para provocar as nossas reflexões ou nos ajudar a refletir melhor sobre os nossos trabalhos na escola. As famílias estão degringoladas, desajustadas por conta dos problemas maiores da conjuntura social? Os pais estão sem tempo de ir à escola? Exigem que a escola cumpra com um papel que não é dela? Os professores estão enfraquecidos diante de outras responsabilidades que não lhes cabem e sim às famílias, que é a educação de base, onde os alunos surgem cada vez mais sem limites e com um poder de afrontamento sem precedentes?
Esse emaranhado de problemas nos faz, desculpe-nos pela jocosidade do momento num assunto tão sério, resgatar o bordão de um dos vários personagens de um pastelão mexicano (CHAVES), que fez e faz sucesso até hoje no Brasil, quando surgia algum problema visto como insolúvel:
_ E agora, quem poderá nos ajudar? --- Surgindo um pseudo-super-herói vestido de vermelho, que gritava:
_ Euuuuuuuu... o CHAPOLIN COLORADO!!!
Diante de todas essas questões, procuramos desenvolver ações afirmativas no campo da Orientação Educacional, respeitando os limites de tempo e espaço conquistados na U.E. Muitas outras ações poderiam ter sido desencadeadas se não ficássemos congelados ao estresse de um cotidiano atípico. Projetos com os alunos? Antes que pensássemos, por exemplo, num trabalho de orientação sexual com os alunos que davam algum sinal de que estavam precisando, já encontrávamos algum outro profissional das chamadas “instituições parceiras”, normalmente alguns abnegados de Igrejas Evangélicas, desenvolvendo tal trabalho por lá, sem sermos consultados.
Nesses termos, ressaltamos os motivos do resgate do pensamento de Gibran Khalil Gibran, que ilustra a abertura desse texto.


ENCERRANDO ESSAS CONSIDERAÇÕES

Acredito ter contribuído com bastante aluno ao longo desse ano letivo. Na verdade, nós Orientadores Educacionais trabalhamos mais com as improbabilidades que com o que pode ser provável, se levarmos a termo o que foi escrito nas considerações iniciais. Somos profissionais das subjetividades e, sendo assim, é notório o quanto é difícil sabermos se essa ou aquela ação implementada terá sucesso. As nossas ações são quase parecidas, permitida uma analogia, às do arqueiro que tenta acertar uma maçã na cabeça de uma pessoa. No momento em que a flecha é solta do arco, acreditamos que o arqueiro deva orar muito a todas as forças positivas, para que o seu objetivo seja alcançado. Assim somos nós, apesar de que não temos informações de que esses arqueiros tenham, alguma vez, errado o seu alvo.
Tivemos, ao longo desse ano, alguns entraves que poderiam atravancar aos extremos o nosso trabalho, como problemas de saúde, que nos levaram a fazer uma pequena cirurgia, que nos deixaram durante uma semana de licença, assim como exames que nos afastaram por alguns dias; entretanto, acreditamos que isso tenha sido necessário, para que pudéssemos encerrar o ano letivo. De qualquer forma, percebemos que, apesar desses pesares, fomos fortes o suficiente, desde o momento que vemos, infelizmente, colegas se afastando das atividades com a saúde debilitada.

Aproveitando que esse texto é anterior às atividades avaliativas finais, sem contarmos com o período de recuperação, que, na verdade não recupera ninguém, pois nunca foi recuperação de conteúdos e sim de notas, o que, também, não resgata nada (a maioria que tenta fazer, não são dados concretos, não consegue tirar uma nota maior que a da prova, confirmando que nada aprendeu ¹), ficaremos na expectativa tal qual o arqueiro, só que a nossa probabilidade de acertos é bem menor que a dele. No nosso caso, a maçã pouquíssimas vezes será alvejada... infelizmente!

¹. Acreditamos que essa, digamos, hipótese, possa vir a se transformar num tema de pesquisa de campo, aliada, evidentemente, à documental. È de extrema relevância, tal investigação, não só para a escola como, também, para o Órgão central responsável pela educação em nossa cidade.

OBS.: Algumas modificações foram feitas no texto como carinhosas sugestões de leitoras, que nem acreditávamos que se prontificariam a "navegar" pelas tessituras desse desprentensioso blog. Sugestões feitas e acatadas em 16 de março de 2011 !!!

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