segunda-feira, 19 de março de 2012

Do Orientador Educacional emancipado ao que precisa de tutor
“Também no afeto é preciso ser inteligente.” Antonio Gramsci
Francisco Carlos de Mattos¹ É erro gravíssimo comparar ações profissionais com bases em achismos. Não que se queira fazer apologias à legalidade, mas se não houver respaldos científicos e até mesmo nas leis, Regimentos, Estatutos etc., todas as ações podem estar certas ou erradas, dependendo do ângulo de visão. Se fulano olha o trabalho de sicrano, pode fazê-lo buscando distorções tendo o seu enquanto paradigma ou similitudes, que venham a confirmar que o que faz, está no caminho certo. Neste caso norteado pela ciência ou pela lei. No campo da Orientação Educacional tem-se o hábito, péssimo por sinal, de querer saber se determinado colega fez assim ou assado, para solucionar algum caso. E isso de forma velada o que denota a idéia de fofoca. Caso contrário, seria a maneira mais ética de se mostrar que a aprendizagem é um fenômeno em constante versatilidade. A Orientação se faz no momento em que se orienta. Não se tem uma determinada técnica para um caso tal que surgiu no cotidiano. Técnicas existem, mas casos não já existem para serem solucionados por um conjunto de métodos pensado, criado por algum profissional nos primórdios da nossa profissão. Sexo, drogas, conflitos familiares, reais dificuldades de aprendizagem,, indisciplina entre tantos outros temas, surgem em qualquer escola, de qualquer modalidade de ensino, seja pública ou privada e para cada unidade escolar o tema, independente de qual seja, multifário, apresenta-se de forma diferenciada, exigindo assim, não uma resposta pronta, uma solução pré-determinada, tal qual uma comida pronta e congelada, que é só colocar no microondas e em segundos está pronta para ser saboreada.. Um só tema para vinte pessoas, vinte soluções diferentes. Um só tema para dois Orientadores Educacionais diferentes, dois encaminhamentos distintos. Não tem porque ser sempre igual. Levando-se em conta o que aqui se traz enquanto reflexão, acredita-se que se cada profissional fizer o que lhe compete, sem se preocupar com o que o outro desenvolve, a educação estaria menos pior do que está. Se é que isso seja possível. O que é visto por alguns colegas como um ‘incêndio debelado’ pelo OE ao interceder onde o professor deveria estar atuando em certos casos, também, pode ser entendido como um colega atuando para dar suporte a outro. Não seria essa ação pertinente, outrossim, à ação do profissional das mediações? Se houve um conflito entre professor e aluno, encaminha-se este para a direção e aquele para a Supervisão? É necessário ressignificar, a priori, não o papel do OE, mas as ações cotidianas de alguns desses profissionais. ' Pode ser que tenha alguém que entenda que o profissional ainda aos quinze anos de profissão precise ser tutelado; mas, quem já tem quase ou trinta anos, já, praticamente, às portas da aposentadoria, precisa perceber que há muito já foi alforriado, que já tem a sua emancipação. E seguindo os conselhos de BANDEIRA², diante desta situação, há que se cantar:
Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei.
______________________________ ¹. Mestre em Educação pela UERJ, Orientador Educacional da Rede Municipal de Ensino de Cabo Frio lotado nas E. M. Prof. Márcia francesconi Pereira e Alfredo Castro. ². BANDEIRA, Manuel. Vou-me Embora pra Pasárgada. Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90.

2 comentários:

  1. Quer tecer um comentário, mas está com algumas dificuldades para fazê-lo? É só clicar em cima da palavra "comentários" ao lado de "Postado por Francisco Carlos de Mattos". Note que essas expressões estão com uma cor diferente das outras e que se você colocar o cursor em cima, aparece uma mãozinha. É a formação do link. É só clicar, que abrirá outra janelinha. Aí é só escrever, escolher uma "identidade" abaixo e clicar em publicar comentário. Simples assim!

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  2. Não tenho certeza se minha fala é pertinente com a motivação de seu texto. Não tenho 15 nem 30 anos de carreira como O.E., tenho 2 anos e 7 meses (ainda em período probatório, kkkkkk), mas as vezes tenho necessidade de ouvir outras pessoas. Não com o objetivo de comparar, medir ou competir ações e sim de buscar ouvir o outro. Concordo que temos que ter as leis e as teorias educacionais como base de nossas orientações. Mas nem sempre a lei pela lei responde as nossas necessidades ou das famílias às quais orientamos, principalmente nós que atuamos em regiões de conflito. Se fosse a lei pela lei, não haveria necessidade de juízes. E por vezes me sinto bastante insegura, sem saber qual a melhor orientação a dar. Sei qual é a correta, qual é a legal, mas não sei se é a menos pior. A não ser que o menor esteja em risco iminente. E como saber se está? Como saber se nossa intervenção não o colocará em risco. Amigo, gostaria de poder ouvi-lo, pena que não temos tempo para conversar. Não se preocupe com pessoas que buscam crescer subindo em outras, essas sempre existirão, vamos crescer juntos. Um abraço.

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